domingo, 2 de janeiro de 2011

SIGA O COELHO BRANCO

        A segurança pública brasileira vem passando por grandes e profundas transformações ao longo dos últimos anos. Os pensadores da área tem focando seus esforços no sentido de buscar novas teorias e alternativas que realmente seja possíveis de serem implantadas e surtam efeito, trazendo sempre em evidencia a busca pela eficiência e qualidade do serviço.
         Assim como no clássico filme de Lewis Carroll “Alice no País da Maravilhas” onde a personagem principal segue um coelho branco, que corre em direção de sua toca e ao observar o buraco Alice acaba caindo. Desse modo, o autor do livro nos conduz por uma viagem pelo interior do ser humano, da mente humana, expondo suas mazelas, suas preocupações e dificuldades. Da mesma maneira, a segurança pública brasileira necessita mergulhar em suas raízes e tentar diagnosticar seus problemas, suas dificuldades, suas particularidades e uma vez de posse desses dados, estudá-los e trabalhá-los de forma cientifica e consubstanciada, deixando de lado o empirismo, visando sobremaneira, implementar uma política efetiva, continuada e seria.
       Nessa busca a segurança pública brasileira já passou pela política de “Tolerância Zero” onde se pregava o endurecimento no combate ao crime e uma rigorosa punição ao infrator social. Passou ainda pelo “Policiamento Comunitário”, o qual ainda está em prática em todo o território brasileiro, capitaneado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), sendo que sua idéia principal é buscar uma aproximação dos órgãos policiais com a comunidade, trazendo a sociedade para também pensar a questão da segurança pública, envolvendo a todos em busca de soluções.
         E ao analisarmos as teorias aplicadas até o momento, notamos a necessidade de uma nova teoria, de uma nova estratégia para as questões afetas à segurança pública, eis que surge então, o policiamento orientado ao problema. Uma nova faceta que busca o cerne da questão, focado na origem dos problemas, tendo como premissa básica uma profunda viagem até o nascimento do evento social. Essa nova forma de se pensar segurança é debatida no livro “A Síndrome da Rainha Vermelha” de Marcos Rolim, quando se prega que a segurança pública deve deixar de lado a postura reativa, onde se atua após o evento social criminoso, para assumir uma postura ativa, como ele mesmo propõe: “procurar antes da correnteza”, ou seja, “é preciso procurar o que está acontecendo antes daquele ponto da correnteza”. Deve-se se procurar na base, com o intuito de agir antes que o problema tome proporções irremediáveis, buscando minimizar os esforços empreendidos para a solução do problema, trazendo eficiência à segurança pública.
         Desse modo, toda essa mudança de paradigma passa necessariamente, por uma profunda imersão no interior das entranhas da segurança pública, buscando inovações eficientes. Bem como, por uma mudança de atitude, onde cada um faz a sua parte, subindo a correnteza e buscando a origem dos problemas sociais. Assim como no filme, o coelho branco dever ser seguido, ou melhor, acompanhado.  
                
Autor: André Digues – Capitão da Polícia Militar de Goiás, Bacharel em direito, especialista em educação e principalmente operador de segurança.

digstran.blogspot.com

Um comentário:

  1. Tá certo o que você disse, mas também no meu modo de pensar que, se o poder público não investir pesado em educação (educação escolar e acadêmica), irá demorar muito para se ter um país onde a gente possa, viver sem o medo da violência.

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