sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Reflexões acerca da Segurança Pública.

Primeiramente quero parabenizar o Diário da Manhã (DM) pela abertura desse canal de discussão, demonstrando ser um periódico a frente de seu tempo, abrindo espaço para as mais diversas opiniões de seus leitores.
         Na verdade venho acompanhando os artigos escritos e publicados neste jornal e em especial os últimos que versaram acerca da Gloriosa Polícia Militar do Estado de Goiás (PMGO), onde um Delegado criticou acidamente algumas ações da PMGO, suscitando irregularidades dentre outras coisas. E na edição do último dia 22 apareceu um árduo defensor do delegado que também teceu críticas diversas.
         Não poderia eu ler e assistir a todo esse movimento de maneira inerte, desse modo, me sinto na obrigação de sair em defesa de minha instituição, entretanto, buscarei trilhar o caminho da sabedoria, da reflexão inteligente, com assertivas propositivas, fazendo uma análise imparcial e técnica dos acontecimentos.
         Pensei em repetir a célebre frase dita pelo rei Juan Carlos de Espanha ao presidente Hugo Chaves durante a XVII Conferência Ibero-Americana: “Por que não te calas?”, porém isso não seria razoável e prudente. Pensando bem, o que mais me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.
         O que vejo é um profissional desiludido, como ele mesmo disse, e recalcado, que tenta aliviar suas decepções, projetando suas frustrações e fracassos pessoais numa Corporação, que não merece ser maculada, uma vez que é formada por policiais militares honrados e abnegados, todos dedicados a proporcionar Segurança Pública sem discriminações e inclusive com o risco da própria vida.
         Outrora, antes da nossa atual Constituição Federal, a Segurança Pública era encarada pelos organismos policiais como um problema de Segurança Nacional, onde o objetivo era combater e eliminar o inimigo, isso seguindo a orientação dos governantes da época. Contudo a sociedade brasileira evoluiu e hoje vivemos num Estado Democrático de Direito, onde temos uma Constituição cidadã que nos outorgou direitos e deveres fundamentais e concomitantemente as políticas relativas à Segurança Pública também evoluíram.
         No começo do século XXI surgiu a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), órgão federal que pensa segurança em nível nacional, visando trazer uma uniformidade na formação dos policiais brasileiros.  E, diga-se de passagem, que foi um grande salto rumo à modernidade. E o Estado de Goiás, não ficou para trás, muito pelo contrário, foi pioneiro e visionário. Num tempo novo, viabilizou e implementou políticas de segurança pública inovadoras: política de tolerância zero, unificação da policias, a criação de uma Secretaria de Segurança Pública forte e atuante, uma polícia comunitária voltada para as necessidades da população, valorização do servidor público, dentre outras.
         Ah sim, não podemos esquecer que a PMGO, que o senhor chamou de encardida, através de suas últimas gestões empreendeu vários esforços no sentido de acompanhar o salto evolutivo, demonstrando estar antenada com os princípios que norteiam a administração num todo, trazendo conceitos e fundamentos da administração privada para a administração pública, adaptando-os a realidade exigida, trazendo assim, eficiência atrelada à qualidade.
Surgiu o Procedimento Operacional Padrão (POP), que visou nortear e unificar os procedimentos adotados pelos policiais militares goianos, sendo criado um manual que serve de base para as ações, manual pautado na legalidade, que inclusive passou pelo crivo do Ministério Público. Foi lançado ainda um programa de modernização da PMGO, o qual visou reestruturar todo o organograma existente, bem como traçar um planejamento estratégico realizável com metas definidas e quantificáveis.
Doutra banda, nobre companheiro, vejo que sua visão acerca da Segurança Pública é tacanha e medíocre, recalcada numa experiência pessoal mal sucedida, percebe-se que você faz parte do sistema de segurança, entretanto, parece não ser um operador de segurança, uma vez que tenta macular e semear discórdia e a intriga entre as instituições formadoras do organismo de segurança estadual. Não faça isso, esse tempo velho já passou, não retrocedamos no tempo e no espaço, andemos para frente, levantemos nossas cabeças e sigamos adiante.
Estamos vivendo numa era de transformações, onde a sociedade é chamada a pensar segurança pública junto com os organismos policiais, as lideranças comunitárias, os comerciantes, os pais de famílias, todos são convidados a participarem desta empreitada, aliás, o senhor também está convidado. A comunidade quer uma Segurança Pública de qualidade, voltada para a solução de seus problemas reais, quer uma postura pro ativa dos seus policiais, chega de agirmos maneira reativa, vamos juntos subirmos a correnteza, verificarmos a raiz dos problemas, vamos trabalhar para anteciparmos as eventualidades, vamos aplicar as ferramentas científicas elencadas em trabalhos acadêmicos, tais quais: a teoria da janela quebrada, o princípio de Pareto, A Síndrome da Rainha Vermelha, Padrões de Policiamento, sendo essas últimas duas obras recomendadas pela SENASP.
Ainda em tempo, li que no último artigo publicado no DM no dia 22, onde o seu autor critica as atuações do serviço de inteligência da PMGO, percebo que o nobre escritor demonstra total desconhecimento e despreparo. Mas vamos aclarar suas idéias agora, sugiro a ele que leia o clássico livro A Arte da Guerra, escrito por Sun Tzu, grande estrategista, onde em determinado momento de sua obra ele relata a necessidade de se ter um serviço de inteligência (espiões), os quais têm a missão precípua municiar o comandante de subsídios e informações que lhe auxiliarão nas tomadas de decisões. Aliás, é só ler acerca das grandes guerras ou sobre os grandes líderes que você verá que todos usaram deste artifício, inclusive na Bíblia Sagrada temos exemplos disto.    
O Presidente da República do Brasil, também possui sua agência de inteligência, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), que assessora o Presidente nos assuntos de segurança nacional. Existe todo um cabedal de legislativo que disciplina esses serviços, então não fale do que não sabe, não seja leviano e insensato, deixe seus devaneios no campo das idéias.
Finalizando minhas considerações, pare de lamuriar, saia do marasmo, desça do muro, posicione-se, demonstre uma postura que a sociedade espera, dedique-se a prestar uma segurança pública de qualidade, não use a polícia como trampolim, se não estiver satisfeito procure coisa melhor, “pede pra sair”, mas não fique tentando macular os organismos de segurança.
Façamos todos nós a nossa parte, vamos dar nossa parcela de contribuição, vamos assentar o nosso tijolinho no alicerce da evolução da humanidade, mexa-se!               


André Digues – Capitão da PMGO, bacharel em Direito, especialista em educação e principalmente Operador de Segurança.    

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