segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

PORQUE NÃO GOSTO DE FUTEBOL



           Há muito tempo venho pensando em escrever um artigo acerca do tema futebol, mas devido às atribulações do dia a dia, sempre acabo deixando para outrora, só que desta vez não deixarei para depois, explanarei alguns argumentos, espero não ofender ninguém.
         Bem sei que a cultura brasileira valoriza sobremaneira o futebol, elevando inclusive os seus jogadores à categoria de celebridades e pop star, e os seus clubes de futebol movimentam um montante astronômico de dinheiro, os contratos são milionários, os patrocinadores gastam fortunas para atrelarem seus produtos a esse universo.
          Na verdade vários jovens sonham com esse universo futebolístico, nascem, crescem e vivem pensando em sair da pobreza e ganhar muito dinheiro, dar uma vida digna a sua família e claro ser admirado e idolatrado por milhões de brasileiros.
         Os clubes de futebol cada vez mais investem nas categorias de base, recrutando, formando e aperfeiçoando seus jogadores, para depois negociá-los por cifras bilionárias. E que para os jogadores sobram apenas migalhas do montante financeiro envolvido.
          Outro fator importante a salientar, e que em minha opinião, é o mais difícil de ser trabalhado e mudado, é o fator cultural do brasileiro, explicarei melhor, se você chegar a um cidadão brasileiro e lhe oferecer um livro, por exemplo, “O pequeno Príncipe”, que é um clássico mundial, com certeza você receberá como resposta: “Esse livro está muito caro”, porém tal situação me remete a pensar o seguinte: como que o brasileiro tem a coragem de pagar cerca de R$ 30,00 a 50,00, para ir a um estádio de futebol e ficar numa arquibancada, exposto ao tempo, enfrentando sol e chuva. Isso para não falar na possibilidade de se levar uma copada de urina jogada por torcedores embriagados, que estão com preguiça de irem ao banheiro e fazem suas necessidades fisiológicas dentro do copo.
         Ainda em tempo, lembro da questão do grande aglomerado de gente, num espaço físico que na maioria das vezes não está devidamente preparado para receber tanta gente. Banheiros insuficientes, bebidas alcoólicas à vontade, poucas saídas de emergência, possibilidade de brigas generalizadas e de torcidas organizadas.
         E por falar em torcidas organizadas, creio que estas deveriam ser extintas, pois em nada acrescentam a este esporte. Pelo contrário, denigrem sobremaneira, com suas condutas desvairadas e levianas.
         Como pode uma sociedade mudar e avançar, tendo uma inversão de valores desta magnitude? Onde o futebol é priorizado em face da literatura. Onde livros são considerados caros e inacessíveis.
         Fica evidente que a política da época romana, do pão e circo, ainda possui seus adeptos até hoje. Pois é mais fácil ir ao estádio de futebol e colocar todos os sentimentos recalcados em xingamentos dirigidos ao árbitro da partida, num frenesi extravagante e reconfortante.
         Na verdade vejo que para muitos brasileiros ler um livro, não é uma tarefa prazerosa, oferecer ao cérebro uma ginástica é uma tarefa cansativa e que exige concentração e dedicação. E muitos não têm essa disposição e acabam deixando de lado o hábito da leitura, preferindo jogar ou assistir uma partidinha de futebol.
         Na verdade essa postura acomodada vem, geralmente de berço, é passado através da família por gerações. E quem está no meio dessa cultura muito dificilmente consegue perceber suas dificuldades e acaba permanecendo nesse redemoinho de mediocridade.
         Finalmente deixo clara minha opinião de que o futebol é um verdadeiro câncer da sociedade brasileira, e que enquanto não se mudar as posturas e priorizar a educação, o Brasil continuará estagnado neste marasmo intelectual.        
         Sei que mudar uma cultura é difícil e leva tempo, mas então dê o primeiro passo dessa longa caminhada e implemente uma cultura de mudança em sua vida. Leia um livro!

André Digues – um simples e mero leitor.


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